Conflito (O Dia D) - Prelúdio

Dez mil soldados com armas em punho avançam pelo campo de batalha ao mesmo tempo em que o sol nasce e banha a bela visão do Apocalipse que irá se iniciar assim que as brumas da manhã se dissiparem. Eles lutam por ideais desconhecidos.
Do outro lado, quase vinte mil homens desarmados, famintos, tremendo de frio e de medo. Estes lutam pela liberdade de um povo sofrido e discriminado por serem diferentes, virem de culturas diferentes, pensamentos diferentes, vidas diferentes.
Dentro do conflito, entre os dois exércitos, existe um homem. Um homem que jurou defender a humanidade que ele não construiu, mas que a modificou. Ele contempla os céus por uma última vez, pois ele sabe que não sobreviverá. Lágrimas correm por seu rosto.
Desespero toma conta de seu peito, cheio de rancor e outrora em dúvida.
Em suas envelhecidas mãos, feridas não pela idade avançada, mas por seus atos. Há um objeto. A chave que pode resolver todos os problemas e conflitos entre homens: um pergaminho envolvido por uma fita azul.
Depois de alguns minutos, ele olha para os dez mil soldados, que esperam por um único sinal ou até mesmo um breve suspiro.
Em seguida, ele se vira para trás e observa os vinte mil que também esperam pelo sinal.
Durante sua reflexão, imaginando qual a diferença entre o certo e o errado, o bem e o mal, o céu e o inferno, o medo e a coragem... ele ignorou tudo. Sua mente se enevoou e seus pensamentos se voltaram, única e exclusivamente para uma pessoa: sua mulher.
Dias se passaram desde a última vez em que eles se falaram.
Lembranças nada agradáveis ficaram da última conversa. Eles discutiram. E muito. Ela chorou e quebrou várias coisas que agora não tinham mais importância. “É pelo bem maior” ele disse. Ela se foi, e para sempre de sua vida.
Dedos trêmulos e hesitantes tocam a fita azul, mas não sem antes apertar o pergaminho com força. O laço é desfeito, e toca o arenoso chão com a delicadeza de uma pétala tocando a pele macia e doce de uma criança.
Seus olhos se abriram assim que ele inclinou sua cabeça para trás.
“Dois, quatro, cinco, seis, sete, um, oito, nove”. Essas são as coordenadas do campo de batalha. “não haverá conflitos! Não hoje!”, ele vocifera. Ao seu lado, um enorme monólito roxo se ergueu. As tropas em ambos os lados avançam em sua direção, para a colina aonde o homem se encontra.
Dobrando-se aos pés do monólito, ele digita o código de detonação para os satélites acima de sua cabeça detonarem a bomba que ele acabou de armar. “Para salvar a humanidade é preciso destruir a humanidade”.
Agora não há mais volta. As respostas ficam claras em sua mente, quando o monólito se abre e luzes saem de seu ápice. As últimas palavras desse homem? “Deus... me perdoe”.
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